sexta-feira, 22 de julho de 2011

História da Samambaia-PE



O nome do lugar era Santa Verônica uma santa dos Escravos negros do cativeiro do Tenente Henrique. A fazenda do Tenente era na estrada que liga Caiçara a Samambaia, hoje Fazenda Poço Escuro, que pertenceu a Artur Preto. O curioso é que esta fazenda também se chamava Poço da Cruz e foi mudada por causa do açude de Ibimirim. A antiga igreja desta santa era ladrilhada de tijolos sem o uso de cimento. Foi encontrada uma telha, pertencente a esta antiga igreja, datada de 1822, segundo testemunhos de vários que a tiveram nas mãos – Dezim Pacífico e Jeremias da Caiçara – o que vem a provar que os escravos foram os iniciantes na religiosidade local. O primeiro padre foi Manoel Marques Bacalhau, desde 1877.

Em 1862, o capitão Joaquim do Rego, lavrou uma escritura de 400 braças de terras que foram doadas ao padroeiro São Sebastião. As terras vão das margens do rio Cupiti até o rio Moxotó. Joaquim do Rego foi o primeiro morador de Samambaia e, por conseguinte, seu fundador.

Existia uma bulandeira de algodão dos Gomes.

A Usina de caroá de José Vasconcelos, empregava mais de 400 pessoas entre arrancadores, os carreiros com seus jumentos e carros de boi com duas juntas, fabricados de Pau Ferro em Águas Belas e Alagoas. O caroá era arrancado, transportado e pesado. Era freqüente alguém perder os dedos na desfibradeira, casos de Paulino e Israel. As fibras eram colocadas em fardos e transportadas por Tota, num caminhão Chevolet, para os armazéns da Companhia de caroá de Caruaru, aliás, o nome Caruaru origina-se deste feito. O armazém de Samambaia foi incendiado acidentalmente por João Pereira, que ao acender o fuzil do fogueteiro para fumar um cigarro, deixou cair as faíscas. Nesse dia, Crepe Bezerra Lafaiete, o primeiro gerente da usina, estava caçando e foi chamado pelas sirenes da companhia. Não houve tanto prejuízo porque tinha seguro de carga. Depois de Crepe, a gerência passou para oVelho Jesus. Manoel Luís de Campos, da Cacimba de Baixo, foi quem tirou a madeira para a confecção das tesouras da usina. Depois dos Vasconcelos, o Dr. Aurélio passou a ser o dono, tinha até avião que pousava em terras da casa de Pedro Simão acima. Depois de Aurélio, Numeriano comprou a usina e seus filhos, Aristótelese Clodoaldo ainda a conservam até hoje. No tempo de Numeriano o pesador era Dezim Felipe e, depois, Abílio Ferreira da Silva, avô de Sérgio que, com apenas seis anos de idade desfilou na Cavalhada de Zé Cavaco.



O policiamento era o Coronel Salgado, que vinha do Recife de burro com mais ou menos 10 soldados e percorria Samambaia, Ingá e Quitimbu, voltando em seguida para o Recife. Maravilha e Custódia nem existiam.

O primeiro Cartório de Ofício foi o de Quitimbu, cujo tabelião era finado Cirilo. Quitimbu também foi a primeira vila e cidade antes Custódia.

O primeiro encarregado de Samambaia foi Coronel Joaquim Bezerra, o qual obteve a obediência de todos.

A primeira professora foi a Dona Aurora, de Buíque, trazida por Numeriano, em 1930. Mas antes tinha a Dona Zizi e Dona Eliza mulher de Oiô.

O primeiro comerciante podia ser dos Balbino.

Antigamente se almoçava de 8 horas da manhã. Sendo que a feira de Samambaia era numa quarta-feira, onde se vendia bolo, tapioca e rapadura. Os feirantes almoçavam no hotel de Dona Eliza, mas antes da existência desse hotel, havia o daDona Adelaide. Quilidona era a mulher de Zé Izidoro e colocou um hotel onde hoje é de Chico de Abílio. Era costume comer bolo virado, que custava um vintém, que é o equivalente a vinte réis, com café moído com mel. 100 tostões era 1000 réis, 1 tostão era 100 réis e 5 vinténs era 1 tostão. 1 pataca era 8 vintém. Uma rapadura era comprada por 1 tostão; 250 gramas de café em grãos era 400 réis; 1kg de açúcar custava 3 tostões em 1928 e 10 tostões depois de 1930, enquanto o café pulava de 10 “tões” para 1200 réis, o que eqüivalia a um dia de serviço na roça. Ainda em 1942 surgiu o Cruzado antigo.

Um escravo preto, com bons dentes e boa saúde física, era comprado por 1 conto e 500 réis. Quem tinha 1 conto de réis era considerado muito rico. O bisavô de Dezim Pacífico era dono de senzala e o dinheiro era de ouro.

Os Correios vinham com a mala nas costa com cadeado, provindo de Floresta para Rio Branco (Arcoverde). Uma carta podia demorar até 30 dias, pois era transportada a pé.

O Cruzeiro de Samambaia era na frente da igreja enterrado no chão batido, depois passou para as pedras grandes por Manoel Olímpio.

Os escravos após a libertação em 13 de maio de 1888, saíram da Fazenda do Tenente Henrique e foram morar na Serra da Torre e nas cabeceiras do rio Cupiti. Otenente Henrique era tão rico que os adornos seus e de seu cavalo eram de ouro e prata.

Em Samambaia havia corridas de prado, com cavaleiros devida e orgulhosamente fardados, com calças brancas e camisas vermelhas. O enfrentante eraManoel Simão, irmão de Chiquinha Simão da Caiçara, cantadora das festas religiosas. O melhor cavalo de prado era Vila Bela. Esse evento atraia gente de toda a região e cidades vizinhas. Bala Seca e Mulambec eram os cavalos que Pedro de Cícero (Pedro Vaqueiro) cavalgava, trabalhando para Numeriano. Não havia vaquejada e sim muitas pegas de boi, que se tornavam festa de boi visto que havia sanfona, cachaça e muito arrasta-pé. Todo vaqueiro tinha um lenço vermelho amarrado no pescoço. O maior amansador de boi foi Miguel Carreiro e o melhor montador de cavalo bravo foi João Alexandre, que nunca foi ao chão, a menos que os arreios se partissem. Existiu também uma cavalhada comandada por João de Barro e seus 12 pares e, segundo Dona Josefa Luiz de Souza, esposa de Valdemar da Cacimba de Baixo, essa cavalhada acontecia na vila de Samambaia.

Severiano era rezador, pedreiro e carpinteiro afamado na Caiçara e região. Já na arte da medicina popular e sem formação educacional, tinha Joaquim Canário, fazedor de garrafadas.
Cícero Bezerra era delegado particular de Samambaia.

E Pedro Simão era o melhor chamador de quadrilha. E João Canário tocava os oito baixos ou harmônicos. Era de costume procurar Joaquim Canário para aliviar dores de dente e outros pequenos problemas. Dona Olindina da Conceição era a enfermeira e parteira da região Caiçara e Samambaia.

Sitônio Lopes de Mendonça era médico veterinário leigo e, segundo contam, nenhum animal morreu por causa das suas operações, sempre ponteadas com ponteiras de pião e agulha de saco.

Os melhores artesãos da região pertenciam à família do Senhor Dezim Pacífico, do Salgado. Esse mesmo senhor, que completara 90 anos lúcidos, em 13 de julho de 2002, junto com Jorge Bezerra de Rezende (Jorge Felipe de Samambaia), nascido em 24 de junho de 1919, foram os principais testemunhos desta História de Samambaia. Mais e mais gente Samambaia e região deviam dar mais importância ao que os mais velhos falam, pois só assim a história regional será mantida para a posteridade.

Trabalho elaborado pelo artista plástico PEDRO CEZAR BEZERRA DO NASCIMENTO, cedido gentilmente para o blog CUSTÓDIA TERRA QUERIDA. Para que mais trabalhos desse porte sejam publicados com mais frequência, pedimos as pessoas caso usem o texto em algum trabalho escolar ou acadêmico, cite o nome do autor, pois, trata-se de um projeto feito com muito carinho, e de uma riqueza cultural de grande valor para o município.

1 comentários:

Anonymous disse...

Normalmente sou avesso à leitura de textos longos.
Identifico logo quando o texto é repetitivo e inconsistente em conteúdo.
Marketing pessoal então, nem pensar. Passo por cima como um trator.
Diferentemente, lí este trabalho do Pedro Cesar de "cabo a rabo" no sentido literário da coisa.
Isto é cultura pura e deve ser transcrita nos anais da história da Samambaia. Que sirva de objeto para pesquisa aos estudantes locais. Não existe "Google" que condense tanta história num texto tão enxuto.Como o Blog pede, ao se referirem a esta matéria, o nome do autor nunca deverá deixar de ser citado.
Fernando Florencio
Ilheus/Ba
Em tempo: A família Ferreira, de Osmar da Gracinha Queiroz, poderá acrescentar fatos mais recentes sobre a Samambaia.

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