sábado, 31 de março de 2012

Livro Salão de Sombras - verso Paisagem do Sertão


No livro “Salão de Sombras” do escritor, músico, compositor, poeta e líder cultural sertaniense Waldemar Cordeiro, a cidade de Custódia é citada no verso “Paisagem do Sertão“. 

Nele o sertão é distribuído em: Ipanema, Moxotó, Pajeú, Baixa Verde, São Francisco e Chapéu de Couro

Abaixo o trecho com Custódia:


II
Custódia. Nos grotões onde a água mina,
nos contra-fortes de Jabitacá,
destila como um filtro de água fina
e decantada fonte de Sabá.


O livro foi lançado em maio de 1992 pelo Conselho Municipal de Cultura, da Secretaria de Educação e Cultura da Cidade do Recife.

Origem da Família Andrada em Pernambuco - Odete Andrada


José de Souza Andrada, com o seu primo de nome não identificado chegaram de Santos – SP, para Gravatá – PE, nos idos de 1826, século XIX, onde permaneceram negociando, por alguns anos. Dessa povoação, José de Souza Andrada saiu para o município de São Sebastião do Umbuzeiro – PB, casando com Severina Perpétua de Jesus, filha do Capitão João José da Silva Lima, residente proprietário do sítio Capitão Mor, do citado município.

Da união de José de Souza Andrada, como Severina nasceram 08 (oito) filhos, com sobrenome registrado “Souza Lima”, sendo “Lima” do Capitão, pai de Severina.

Conclui-se que a família Andrada está entrelaçada com os “Souza Lima”, radicados mais precisamente na Paraíba e em Custódia – PE, muitos deles saindo, por destino, para diferentes regiões.

O outro Andrada foi para Serra Talhada – PE, na época, Vila Bela, ai constituindo família.

Relato do custodiense José de Souza Lima (1926), por informação do seu pai, o memorável Germano de Souza Lima (1883 – 1964).

Texto retirado do livro “Do Âmago da Memória”, de Odete de Andrada Alves, Editora Bagaço, 2003.

Humberto Guerra - Recebe Comenda da Câmara de Vereadores RJ (2009)




Texto publicado anteriormente no Blog dia 05/03/2009.

Caro Paulo,

Como você se encontra? Espero que esteja bem. Parabéns pelo site, sempre nos remete a memória dos momentos bons. Quem foi ou é morador de Custódia se sente atraído pelas informações históricas que você sempre nos passa. Conquistei a medalha Pedro Ernesto pela atuação na novela Duas Caras e pela atuação que desempenho através dos projetos sociais na Comunidade de Rio das Pedras/RJ, que é uma área carente de cultura.

A Medalha de Mérito Pedro Ernesto é a mais importante comenda do município do Rio de Janeiro, entregue pela Câmara Municipal à aqueles que mais se destacam na comunidade brasileira. Foi criada em 1980, em homenagem ao médico pernambucano Pedro Ernesto Batista (1884-1942), que iniciou sua trajetória política nos primeiros anos da década de 1920, quando tomou parte dos movimentos de oposição ao Governo Federal levados a cabo pela jovem oficialidade revolucionária do Exército.

Portanto seria legal divulgar essa conquista, se tiver a oportunidade. Segue em anexo as fotos dessa conquista que ocorreu na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Em uma foto estou sozinho, na outra estou junto com Ivan Martins, que foi responsável pela minha formação artística, na outra estou com o vereador Nadinho de Rios das Pedras, como é conhecido, sua esposa, eu, e o maqueador Maxuel da Rede Globo, que também foi premiado, e a vereadora Carminha Jerominho.

Um grande abraço.

Humberto Guerra



Poema "Em segundos" - Hayanna Ramalho


ao poeta e jornalista Cristiano Jerônimo Valeriano


Os minutos se inteiram
Vagarosamente...,
a ansiedade me envolve os sentidos e
Incansavelmente acompanho
cada fração de segundos como se fosse máquina.

Como se fosse máquina
relembro
Cada tom de voz,
Cada olhar insaciável,
Cada dito e escrito,
A tua filosofia humana.

E eu que penso na utopia,
ao virar-me
para seguir o caminho de casa,
Posso ser engolido pelo mar...

Hayanna Ramalho, dezembro de 2009.


(Poema classificado no Concurso Nacional Novos Poetas - Antologia Poética, Prêmio Poetize 2012.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Ensaio da peça O Cristo da Paixão II [TV Asa Branca]


Começaram os ensaios do espetáculo “Auto de Jesus Cristo”, que vai ser encenado em Custódia, no Sertão. O personagem principal será interpretado por um ator muito conhecido. Acompanhe no vídeo acima, a reportagem de Franklin Portugal. (TV ASA BRANCA)

Matéria exibida na TV ASA BRANCA, dia 16/03/2012.

Rogério Tenório - Colaborador


Meu nome é Rogério Tenório de Moura, sou sobrinho do ex-deputado e ex-prefeito de Cassilândia, Luiz Tenório de Melo (Custodiense radicado em Cassilândia-MS). Foi por meio dele que soube do seu blog, aliás você já conta com um depoimento dele. Sou professor, jornalista e vice-presidente do Sindicato Municipal dos Servidores Públicos de Cassilândia, atualmente respondo pela presidência, uma vez que a presidenta licenciou-se do cargo para concorrer a uma vaga na câmara municipal.

Sou colaborador em diversos jornais impressos e digitais de Mato Grosso do Sul, entre eles: O Cassilândia Jornal, Tribuna do Vale, Bolsão em Notícias, Folha de Selvíria, Cassilândia News e Campo Grande News. Dada minha ligação com Custódia, por causa de meus antepassados (meus avós, meu tio e minha mãe nasceram aí) gostaria de colaborar em seu blog.

Anote o endereço do meu blog: http://tenorio.moura.blog.uol.com.br/.

Nele há diversos artigos meus já publicados, todo domingo há um novo. Sinta-se convidado a acessá-lo e a publicar os que você julgar pertinentes, sempre que quiser.

Um forte abraço e parabéns pela iniciativa.

Casamento Ana Pereira de Sá e Antônio Remígio da Silva - 1918

Foto: Jorge Remígio

Casamento de Ana Pereira de Sá e Antônio Remígio da Silva. Custódia 1918.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sr. Chiquinho e Dona Pura


Sr. Francisco Queiroz do Amaral, popularmente conhecido como Chiquinho do bar, casado com Dona Purificação, apelidada carinhosamente de Dona Pura. Seu bar era localizado na rua Nemésio Rodrigues, durante um bom tempo, ponto de encontro de várias gerações custodienses. 

Foto: Daniela Rael

50 anos de Emancipação de Custódia

Festa do Cinquentenário de Custódia. Da esquerda: Kida Aleixo, Osmar Simões, Xandinha, Dr. Humberto Medeiros, Jorge Remígio, Antônio Eli, Souza e Otacílio. (setembro de 1978)

Foto: Arquivo Pessoal Jorge Remígio.

Tambaú Futebol Clube - Campeão Custodiense de 1978


Em pé: Goleiro reserva (Arcoverde), Chico de Antusa, Luciano Góis, Celso de Moacir, Bel de Pedro Mariano, Edmilson(Pestana Branca), Zé Esdras e Eli de Manoel Constatino.

Agachado: Rio da Barra, Brasilia, Jorge Remígio de Claudionor, Reginaldo do Projeto Sertanejo, Serra Talhada e Evaldo Simões.

Arquivo Pessoal: Jorge Remígio

Antigo Chafariz

´Foto: Jorge Remígio

Rua João Veríssimo (Várzea). O prédio azul era o antigo Chafariz. Dia de feira. Março de 2012

Jorge Remígio - Julho/1975

Osanira, Jorge, Ana Cláudia, Osminda, Eliane, tia Jandiara e Sérgio (julho de 1975)

Netinho de Custódia - Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)


Tocando um dos grandes clássicos de Luiz Gonzaga. Netinho de Custódia confirma por que o sertão é o maior formador de sanfoneiros do Brasil.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Reforma da Praça Padre Leão (2008)



Fotos da atual praça Padre Leão, quando da sua última reforma em 2008.

Fotos: Nadilson Santos

terça-feira, 27 de março de 2012

Moradores em defesa do jumento [TV Asa Branca]


Vídeo da mobilização em defesa do jumento dos moradores de Custódia, realizado dia 24 de março. A matéria foi exibida na TV ASA BRANCA de Caruaru, afiliada da Rede Globo. 

Meninos que imitavam homens. – Por Miguel Pedrosa

Foto: Getty Images


Por Miguel Pedrosa  25.03.2012

Era assim na década de 50. Meninos vivendo à sombra dos homens e procurando imitar todos os detalhes de suas vidas. Seus trabalhos, seus trejeitos, suas manias e vícios, e até mesmo a linguagem dos homens com autoridade e voz grossa era por eles seguida em tom de falsete. E assim era montado o palco para a vida dos meninos, cada um procurando representar o melhor possível o modelo de adulto que mais admirava. Não usávamos os nomes desses modelos, pois parece que mesmo subconscientemente desejávamos conferir autenticidade aos nossos personagens. 

Ao imitar o meu pai eu não era o meu pai, mas eu mesmo personificando o meu arquétipo de homem perfeito. Ao brincar com as meninas elas não eram diferentes pois também procuravam harmonizarem-se com comportamentos que retratassem as futuras mulheres que achavam que veriam a ser. E assim era a vida dos meninos e das meninas do meu tempo. Meninos com meninos brincavam de trabalhar e usavam os jargões de tratamento e da profissão dos homens adultos. Meninas com meninas brincavam de boneca e de casinha, mas quando meninas brincavam com meninos, além do processo de imitação, entrava em cena os inevitáveis impulsos biológicos, acionando ao nível do psiquismo a compulsão a que tanto se referiu *Sigmund Freud sobre a influência da libido. E aqui eu paro porque alguém poderá desejar saber com quais meninas do meu tempo em brinquei de papai e de mamãe querendo imitar os adultos. 

Mas para não deixá-los frustrados contarei uma história real dentro do mesmo tema: eu ganhara de minha mãe um cavaquinho de presente, feito com capricho por um marceneiro vizinho nosso lá da querida Várzea. Alguém que não me lembro quem, ensinou-me as três notas de um sofrido **lá menor, através do qual eu acompanhava algumas canções da época, pois afinal de contas, entre outras coisas eu também queria ser cantor. E numa noite de lua cheia no horário permitido aos meninos, lá vou eu imitando um adulto seresteiro: “desperta do teu leito e vem ouvir a luz da lua/ desperta toda rua, somente um violão/ que traz ao coração de tanto amor, de um trovador...” (sucesso da época gravada em disco de 78rpm pelo cantor Augusto Calheiros). Acompanhado de outros meninos, sempre cantando e tentando dedilhar as posições do lá menor, ultrapassei os limites do banheiro público em direção à fazenda de Seu Zé Major, e parando ousadamente no terreiro onde estavam sentados os donos da casa não senti a menor cerimônia e continuei a cantar para eles. 

O meu concerto infantil terminou com os aplausos de Seu Zé Major e da esposa Dona Firmina. Ambos eram muito amigos de meus pais. Ainda me lembro da fisionomia e da elegância de Seu Zé Major. Mesmo cego tinha um porte impecável e sua voz grave conferia-lhe destaque ao falar . Sempre de terno quando se dirigia para o centro da cidade acompanhado de seu guia oficial de nome Dêma, um rapazola por eles criado, não faltava quem com ele quisesse bater um papo sobre os mais diversos temas. 

Querem saber como terminou minha seresta mirim no terreiro da fazenda de Seu Zé Major, na velha Várzea? – Dona Firmina serviu café com bolo de milho àquela turma de pequenos seresteiros, e eu feliz e satisfeito retornei pelo mesmo trajeto, sempre cantando e acompanhando no cavaquinho as mais belas canções de amor que aprendi com os adultos, ao invadir o seu mundo querendo ser um deles. E era assim a vida dos meninos do meu tempo na Velha Várzea, hoje conservada intacta na minha memória de adulto. 

*Sigmund Freud, pai da psicanálise (1856 – 1939)
 ** Lá Menor, 6ª nota da escala musical com três posições básicas em violão e cavaquinho.

domingo, 25 de março de 2012

José Campos Moura (Zé Moura)

Filho Roberto e a viúva Baíca

Bairro da Pindoba. A inauguração ocorreu dia 04.02.2012, com uma justa homenagem ao inesquecível Zé Moura. 

José Campos Moura, conhecido como Zé Moura, nasceu no sítio Cangalha, município de Custódia, em 02/01/1929, filho do fazendeiro Antônio José de Moura e da dona de casa Sra. Severina Campos Moura.

Ainda muito jovem, no ano de 1953, aos 24 anos de idade, casou-se com a Sra. Maria Ivo Moura, conhecida como Baica, com quem teve 07 filhos, sendo 03 homens: Roberto, Romildo e Robélio e 04 mulheres: Rizelda, Rosângela, Roseane e Rosilene.

Iniciou na sua vida profissional como sapateiro na indústria de calçados de Sr. Duquinha, e, paralelamente exercia a função de locutor na Difusora de propriedade do Sr. Adamastor.

Finalmente abraçou a profissão de motorista da Unidade Mista Elizabeth Barbosa. A ele foi confiado a primeira ambulância do nosso Hospital, na gestão do então prefeito João Miro da Silva, onde permaneceu, de modo dedicado, prestando serviço a população de Custódia até o último dia de sua vida, quando envolveu-se em um acidente que o vitimou ao deslocar-se para a cidade de Serra Talhada transportando um paciente no dia 26/05/1990.

Fonte: Site Cristiano Custódia
URL: 
http://www.cristianocustodia.com.br/

Alma Pornográfica - Por José Melo


Por José Soares de Melo 

O primo Ozório Amaral, de saudosa memória, era um gozador nato. Jamais perdia a oportunidade de aprontar uma das suas.

No período da gestão do Prefeito Silvio Carneiro, anualmente nós servidores internos, inclusive Ozório, tínhamos um período em que trabalhávamos durante várias noites, na elaboração das Prestações de Contas anuais. E era comum Ozório aprontar das suas.

Como se sabe, existem muitas lendas de pessoas que ficaram ricas, após receberem um “ aviso” do outro mundo, indicando o local onde estaria enterrada uma botija cheia de ouro, prata e dinheiro.

Em uma noite em que estávamos trabalhando no antigo prédio da Prefeitura – onde hoje funciona Câmara de Vereadores, aproximadamente à uma hora da manhã, com a cidade completamente deserta, Ozório observou pelo basculante a aproximação de uma pessoa, que já se dirigindo para o trabalho, pára e ajoelha-se diante da Santa que ficava na gruta que havia no oitão da Igreja para rezar. Era um popular bastante conhecido por Zé da Telha, por trabalhar em olarias, na fabricação de tijolos e telhas. Oculto na escuridão, Ozório grita para Zé da Telha:

- “ Ô Zé da Telha, tu quer enricar?”

Ao que Zé da Telha, de acordo com o ritual costumeiro nas aparições do outro mundo, faz o “ requerimento” :

- “ Te arrequeiro, alma, em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo!”

E Ozório volta a perguntar:

- “ Ô Zé da Telha, tu quer enricar?”

Ante a expectativa de conseguir um bom dinheiro com a botija, Zé da Telha responde todo animado:

- “Quero!!!”

- “Então vai dar o C….”

Com essa, Zé da Telha perdeu a compostura e o respeito pelo mensageiro do outro mundo e retrucou:

” – Vai dar tu, alma veia safada!” !!

Placa Comemorativa do Cinquentenário de Custódia


Placa comemorativa aos 50 anos de Custódia, se encontra no térreo da Câmara de Vereadores do Município. Segundo o ex-vereador José Soares de Melo, popular “Zé Melo“, essa comemoração foi uma das maiores festividades já realizadas em nosso município. 

Foram doze dias de festas, com apresentações artísticas – coisas raras naqueles tempos. E de pura cultura, como Quinteto Violado, Orquestra Armorial, sem falar na cultura regional, como encontro de violeiros, com as maiores expressões da época: Pinto do Monteiro (homenageado), Lourival Batista, Jó Patriota, Canão e muitos outros. 

Houve um desfile com 260 motos, sobrevoo de 12 aviões, show de paraquedismo etc.

Autoridades à época:
Governador do Estado: José Francisco de Moura Cavalcanti
Prefeito Municipal: Luiz Epaminondas Filho
Vice-Prefeito: Severino Pinheiro de Souza
Vereadores: Belchior Ferreira Nunes (Presidente da Câmara), Severino Bezerra de Queiroz(1º sec.), Alzira Tenório do Amaral (2º sec.), Arnaldo Antonio Pereira Burgos (Lider do Prefeito), Djalma Bezerra de Souza, Josias Leandro de Morais, Djaniro Jerônimo de Rezende, Francisco de Assim Lima e Valdemar Belarmino de Rezende.

Juiz de Direito: Dr. José Gomes de Freitas
Juiz Substituto: Dr. José Alves de Queiroz
Promotora: Uyara Maria da Silva Costa
Delegado de Polícia: Dr. José Cândido de Souza Ferraz

Sítio dona Nita


Vista área do antigo sitio de dona Nita, mãe do falecido Claudionor Remigio, localizado atrás do CLRC. Hoje propriedade da Prefeitura Municipal de Custódia. Possui uma vasta área verde, rodeada com gigantes coqueirais, que embelezam a paisagem no centro da cidade.

sábado, 24 de março de 2012

Netinho de Custódia na 11ª Edição do Correio Sanfonado





Neste domingo 25 de março de 2012, no Centro Cultural dos Correios, Prédio dos Correios na Avenida Guararapes em Recife, a partir das 15h acontecerá encontro com a boa música, com a 11ª Edição do Correio Sanfonado "VIVA O CENTENÁRIO DE GONZAGÃO", a cidade de Custódia, será representada pelo jovem músico Netinho.

Projeto Correios Sanfonado – a iniciativa surgiu da necessidade de apresentar os instrumentistas (sanfoneiros) de uma forma mais universal, mostrando, além dos ritmos regionais (forró, xote e baião), a diversidade cultural como choro, frevo, maracatu, valsa, tango, bolero e jazz. Foi lançado em novembro de 2009, no Centro Cultural Correios e tem o objetivo de mostrar a habilidade de cada instrumentista nos diversos gêneros musicais e proporcionar à população o acesso à música instrumental, de forma democrática e gratuita. O projeto acontece no último domingo de cada mês, das 15h às 18h.


Homenagem à Chico Anysio

Por Plínio Fabrício

sexta-feira, 23 de março de 2012

Ato contra exportação de Jumentos em Custódia


Os alunos do 2º Grau da Escola de Referência José Pereira Burgos, prometem para amanhã dia 24, um ATO contra a exportação de jumentos para a China. A ideia surgiu após acordo feito mês passado entre os países. Prevê exportação de até 300 mil jumentos ao  ano para Ásia.

O Ato terá início às 17h, na Avenida Inocêncio Lima, ao lado da Farmácia Santos. O organizador do evento é Aldo Fernando. A cobertura do evento terá rádio local e TV.

Pantaleão (Chico Anysio) - RIP



Os usuários da SKY TV, dispõe do canal VIVA (canal 37), nele está sendo reprisado vários programas antigos da rede Globo. Um deles é o CHICO TOTAL. Um dos personagens mais antigo do humorista cearense, é o folclórico Pantaleão Pereira Peixoto. Aposentado que está sempre a contar histórias falsas. Vive em sua cadeira de balanço, na companhia de sua esposa Tertuliana e de Pedro Bó, um adulto com postura de criança adotado por ele. Sempre pergunta para sua mulher se ele está mentindo que, por sua vez, não tinha coragem de contradizê-lo e sempre garantia ser verdade. Seu visual é inspirado em Dom Pedro II, enquanto a voz é similar a do cantor Luiz Gonzaga. Suas histórias sempre ocorrem no ano de 1927.

Segundo alguns custodienses admiradores do programa, teria sido exibido um episódio onde Pantaleão fazia referência ao ex-prefeito Luizito e a cidade de Custódia, no começo dos anos noventa no extinto programa. Em conversa com familiares, soube que Dr. Celso teria a fita em formato VHS do programa. O colaborador José Melo assistiu ao vivo na época o programa. Sempre tive interesse de assistir tal episódio. 

Assistindo o canal VIVA no dia 16 de abril, foi reprisado o programa CHICO TOTAL episódio número 50. O quadro com Pantaleão foi justamente o programa que tanto desejei assistir, e acredito que, boa parte dos custodienses que de alguma forma sabiam da existência do tal episódio. 

Em conversa com sua fiel esposa e seu companheiro Pedro Pó, o personagem diz que já tinha sido Senador, e que de passagem por Custódia, o então prefeito Luizito, teria pedido a ele para ser gerente de um manicômio.

Breve o programa será postado no blog.

Por Paulo Peterson

Janúncio Custódia - Festa São José 2012



Filmado por Robson Patriota do blog Estrelas na Festa.

“Feira de Troca de Experiências”, em Salgueiro (PE)



Salgueiro (PE) - “Acredito que não será uma plantação de uma única safra, mas sim uma plantação de safra contínua”, declarou a professora Rosimeire Silva da Escola Estadual José Leite de Souza, do município de Monteiro (PB). Ela participou da “Feira de Troca de Experiências”, em Salgueiro (PE). Para a professora, o Subprograma de Educação Ambiental nas Escolas do Projeto de Integração do Rio São Francisco representa um avanço na preservação do meio ambiente.

Vindos de vários municípios da área de influência do Projeto de Integração do Rio São Francisco, professores e estudantes aprovaram o espaço propiciado pelo Ministério da Integração Nacional. Professora de Língua Portuguesa, Rosimeire ressalta que hoje, os jovens estão críticos e bem mais sensibilizados com o meio ambiente. “O que foi repassado pela Educação Ambiental do Projeto atingiu principalmente os alunos”, concluiu a professora.

O evento, promovido pelo Ministério da Integração Nacional, é idealizado pelo Programa de Educação Ambiental no âmbito do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O objetivo é promover a troca de ideias e vivências pedagógicas entre as comunidades escolares, bem como avaliar os resultados alcançados pelo “Subprograma de Educação Ambiental nas Escolas” por meio da exposição dos trabalhos de mais de 600 profissionais de educação.



O professor Francisco de Assis Bezerra, da Escola Estadual General Joaquim Inácio, do município de Custódia (PE), afirma que o trabalho da equipe ambiental do Projeto foi responsável também pela mudança de comportamento da comunidade. “As pessoas estão mais conscientes com o uso da água”. Segundo o professor, a realização da “Feira de Troca de Experiências” fecha com “chave de ouro”, o trabalho realizado pelo Ministério da Integração.

“É possibilidade de criar um sentimento de meio ambiente nos espaços onde os alunos estão inseridos”, destaca o professor José Martonny, da Escola Municipal Darival Teles Cartaxo, de Mauriti (CE), no trabalho desenvolvido pelo Subprograma de Educação Ambiental nas Escolas. “O nosso primeiro passo foi iniciar uma limpeza nossa escola”, ressalta o professor.

Educação Ambiental - O Subprograma de Educação Ambiental nas Escolas, parte integrante dos 38 Programas Ambientais do Projeto São Francisco tem o objetivo de capacitar professores e coordenadores pedagógicos para a prática da educação ambiental no ensino formal. Como resultado, o Projeto São Francisco capacitou mais de mil profissionais nos municípios de Cabrobó, Custódia, Floresta, Salgueiro, Sertânia, Betânia, Terra Nova e Verdejante, em Pernambuco; Cajazeiras, Monte Horebe, Monteiro e São José de Piranhas, na Paraíba e Brejo Santo, Barro, Mauriti, Jati e Penaforte, no Ceará. Ao todo, serão investidos quase R$ 1 bilhão em ações socioambientais.

Fonte: Ministério da Integração Nacional

Procissão no dia de São José - 19.03.2012




As festividades de São José (na parte religiosa), dos últimos anos, foi 2012 que levou o maior números de fies a matriz do nosso padroeiro, tanto em presença com em doações. 

Missas e novenas sempre lotadas com inúmeros colaboradores fazendo com que as celebrações se tornassem belíssimas em agradecimento ao nosso Glorioso São José pela proteção a nossa cidade e as nossas famílias, onde o pároco Luciano teve um papel importantíssimo para o sucesso do evento. 

A procissão que encerrou a Festa de São José de Custódia levou quase 5.000 fiéis as ruas.

Por Plínio Fabrício


Bloco Várzea na Folia


Há seis anos a família Pinto Simões teve a ideia de formar o BLOCO VÁRZEA NA FOLIA com o objetivo de resgatar o carnaval de Custódia. Mas, sempre nos deparávamos com uma série de dificuldades, por exemplo: orquestra, carro de som e outras coisas mais. Porém, esse ano surgiu à oportunidade e não deixamos escapar... Foi tudo muito improvisado, muito rápido, mas valeu a intenção.

Caros conterrâneos parem um pouquinho e reflitam... O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo; e modéstia parte nós temos potencial para tornar o carnaval de Custódia um sucesso. Porque garra, fé em Deus e vontade política não têm faltado. 

Nossos agradecimentos a Prefeitura de Custódia e aos amigos Hindemberg e Adriano pelo apoio.

Link: http://educandoparacidadania.blogspot.com.br/

Escola Marli Miro da Silva


Grupo Escolar Municipal Marli Miro da Silva, era filha do ex-prefeito João Miro, primeira esposa de Dr. Orlando Ferraz. A escola ficava no Sítio Guarani, à beira da estrada. Escola foi desativada e terminou em ruínas.

Dia de Horror - Por José Melo


Por José Soares de Melo 

Nossa terra era estigmatizada pela violência. Não por acaso o Bairro da Redenção – nome dado por Luizito, era conhecido por Beco do Iraque, em função das constantes ocorrências policiais que ali aconteciam, principalmente nos dias de segunda-feira, nos famosos “fins-de-feira”. Entretanto, o dia mais cruel para Custódia (de que me lembro) foi no final da década de setenta.

Naquela época a palavra assalto era desconhecida na região. Perto do meio dia, dois veículos estacionam na Praça Padre Leão, e dele descem dois homens, se dirigindo à Padaria Confiança, de propriedade do então Prefeito, João Miro. Lá, apontando uma arma para a esposa do Prefeito, D. Jovelina, pediram o dinheiro, tendo ela se negado a dar, até porque não se tinha conhecimento dessa modalidade de crime, e, inocentemente a mesma correu sério perigo. O assaltante desistindo, saiu e entrou no mercado vizinho, e apontando a arma para o proprietário anunciou o assalto. Este ao se levantar, também inocentemente, fez um gesto de suspender a calça, levantando-a pela cintura. Foi seu último gesto: uma bala atravessou o coração de Heleno Chaves naquele dia.

Os assaltantes fugiram em disparada nos dois carros, e quando a polícia veio ao local já haviam se passados longos minutos. Naquela época a cidade era praticamente desprotegida. Não havia viaturas, armamentos, policiais em número suficiente, e para concluir, a Delegacia tinha como titular um velho sargento reformado que praticamente nada fez para prender os assaltantes.

Entretanto, a solidariedade dos custodienses mostrou a capacidade de se defender que a cidade tinha à época: dezenas de populares iniciaram uma verdadeira caçada humana aos assaltantes, percorrendo as caatingas, trocando tiros, provocando acidentes, enfim, um verdadeiro horror, que culminou com um saldo triste: além da morte de Heleno Chaves, morreram três bandidos fuzilados, e um PM, de nome Moreira, (meu contra-parente) em um acidente ocorrido em uma barreira policial nas proximidades do atual Posto Tamboril, quando o mesmo foi atropelado. Recordo que a cada assaltante que chegava, a população pensando que o mesmo estava vivo partia pra cima do carro aos berros de “lincha, lincha…”.

Conta-se que o primeiro bandido capturado foi obrigado a gritar pelos companheiros, na tentativa de localiza-los. Era noite, e de repente a luz apagou e ouviu-se um tiro. Imediatamente a luz voltou e o bandoleiro já estava caído no chão, com uma bala no ouvido. Outros dois foram metralhados no Cruzeiro, quando tentavam a fuga, pulando uma cerca.

Escapou apenas um dos assaltantes, de nome Eurípedes, assim mesmo porque que foi preso tentando a fuga, já dentro de um ônibus, próximo a Cruzeiro do Nordeste, pois ao entrar no mesmo deparou-se com um militar fardado, que o prendeu. Foi o único que escapou, e segundo comentários da época, quasa era morto na cadeia, por uma autoridade que revoltada com os fatos chegou a sacar a arma, sendo contida pelos policiais. Dias depois esse assaltante sumiu misteriosamente, durante as várias transferências de presídios. Esse foi o dia de maior violência que a cidade viveu, pelo menos no meu tempo.

Arlindo Carvalho - Por Rogério Tenório


São estranhos os caprichos que a vida mostra ter por algumas pessoas. Enquanto muitas parecem passar a vida em brancas nuvens, outras tem sua biografia repleta de conquistas, derrotas (afinal ambas são dois lados de uma mesma moeda), “causos” e muitas coincidências que parecem ter sido arquitetadas cuidadosamente.

Assim foi a vida de José Arlindo de Carvalho, mais conhecido simplesmente por Arlindo Carvalho, que curiosamente teve sua vida entrelaçada a de meu avô. Ambos naturais de Custódia, uma pacata e bela cidade do interior do Pernambuco, mas que outrora não fora tão acolhedora devido às intempéries do agreste nordestino. Embora fossem de gerações diferentes, tanto um quanto o outro se viram obrigados a deixar sua terra natal, pela qual sempre demonstraram nutrir imensa saudade e carinho, em busca de uma vida melhor e por um desses acasos do destino vieram parar em Cassilândia, ainda na época do Mato Grosso uno.

Na época em que Arlindo chegou a Cassilândia meu avô já estava bem estabelecido, era um próspero corretor de imóveis, produtor rural e uma das maiores lideranças políticas da região; foi simpatia à primeira vista, meu avô não se cansava em dizer nas reuniões de família que havia se visto novamente naquele audacioso jovem nordestino que havia deixado tudo para trás (que no caso eram só a família e os amigos) e se lançado ao mundo. Tendo tino como poucos para conhecer pessoas, meu avô não se enganou, fez o que pode para ajudar aquele jovem aventureiro em seu início de vida e este não desapontou, transformou-se em um dos comerciantes mais influentes da região, dono de uma rede de lojas de calçados; dirigente de partidos políticos, líder de clubes de serviços, presidente da Associação Comercial…

Infelizmente a história nos mostra que não só de vitórias se faz a vida de um homem, mesmo dos grandes homens. Há alguns anos os negócios de Arlindo deixaram de prosperar como antigamente e suas atividades resumiram-se a uma loja, bem mais modesta que a primeira, administrada pela família; enquanto ele, como nordestino aguerrido, saía de cidade em cidade vendendo de porta em porta, porém sem perder a postura de predestinado a vencer que sempre teve.

Mesmo enfrentando problemas de saúde e dificuldades financeiras manteve-se anos a fio a frente do tradicional leilão beneficente em prol do Hospital do Câncer de Barretos, leilão este idealizado por ele, mostrando-se um exemplo de determinação e consciência cidadã. O exemplo de Cassilândia e de Arlindo Carvalho serviu para inúmeras cidades atendidas por aquele hospital. O engajamento dele inspirou várias pessoas que deram continuidade a sua obra, quando de seu afastamento de líder das atividades há três anos, devido ao agravamento de seu quadro clínico.

Será estranho saber que ele não está mais entre nós, como já era estranho não encontrá-lo pelas ruas da cidade nos últimos tempos para um gostoso “dedo de prosa”, pois por uma dessas contingências caprichosas da vida havia voltado para Aparecida do Taboado, primeira cidade mato-grossense a acolhê-lo. Mais estranho ainda é saber que o corpo de um homem cuja história se confunde com algumas das páginas mais belas da história de Cassilândia não repousará entre nós. A família decidiu sepultá-lo na “terra dos sessenta dias apaixonado”, só nos resta respeitarmos e nos resignarmos.

No ano passado, logo após o sepultamento de minha avó, disse-me que iria a Custódia, que queria matar saudades, relembrar dos tempos de moço, rever parentes e amigos, que depois de tantos anos de desterro resumiam-se à família de seu padrinho, o ex-prefeito Ernesto Queiroz. Era sua despedida, mesmo sem ter consciência disso.

Bem ao seu estilo grandiloquente fez a última despedida a minha avó, também custodiense, suas palavras ecoam em minha mente como se fosse hoje: “Há noventa anos Maria José de Oliveira chorou por deixar a proteção do ventre materno e vir ao mundo, hoje são inúmeros os que choram por sua partida, teve uma vida frutífera, repleta de realizações e benfeitorias ao próximo”. Faço minhas as palavras dele!

*Rogério Tenório de Moura é licenciado em Letras pela UEMS, especialista em Didática Geral e em Psicopedagogia pelas FIC; presidente em exercício do SISEC (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cassilândia).

Dia de Horror - Por José Melo


Por José Soares de Melo 

Nossa terra era estigmatizada pela violência. Não por acaso o Bairro da Redenção – nome dado por Luizito, era conhecido por Beco do Iraque, em função das constantes ocorrências policiais que ali aconteciam, principalmente nos dias de segunda-feira, nos famosos “fins-de-feira”. Entretanto, o dia mais cruel para Custódia (de que me lembro) foi no final da década de setenta.

Naquela época a palavra assalto era desconhecida na região. Perto do meio dia, dois veículos estacionam na Praça Padre Leão, e dele descem dois homens, se dirigindo à Padaria Confiança, de propriedade do então Prefeito, João Miro. Lá, apontando uma arma para a esposa do Prefeito, D. Jovelina, pediram o dinheiro, tendo ela se negado a dar, até porque não se tinha conhecimento dessa modalidade de crime, e, inocentemente a mesma correu sério perigo. O assaltante desistindo, saiu e entrou no mercado vizinho, e apontando a arma para o proprietário anunciou o assalto. Este ao se levantar, também inocentemente, fez um gesto de suspender a calça, levantando-a pela cintura. Foi seu último gesto: uma bala atravessou o coração de Heleno Chaves naquele dia.

Os assaltantes fugiram em disparada nos dois carros, e quando a polícia veio ao local já haviam se passados longos minutos. Naquela época a cidade era praticamente desprotegida. Não havia viaturas, armamentos, policiais em número suficiente, e para concluir, a Delegacia tinha como titular um velho sargento reformado que praticamente nada fez para prender os assaltantes.

Entretanto, a solidariedade dos custodienses mostrou a capacidade de se defender que a cidade tinha à época: dezenas de populares iniciaram uma verdadeira caçada humana aos assaltantes, percorrendo as caatingas, trocando tiros, provocando acidentes, enfim, um verdadeiro horror, que culminou com um saldo triste: além da morte de Heleno Chaves, morreram três bandidos fuzilados, e um PM, de nome Moreira, (meu contra-parente) em um acidente ocorrido em uma barreira policial nas proximidades do atual Posto Tamboril, quando o mesmo foi atropelado. Recordo que a cada assaltante que chegava, a população pensando que o mesmo estava vivo partia pra cima do carro aos berros de “lincha, lincha…”.

Conta-se que o primeiro bandido capturado foi obrigado a gritar pelos companheiros, na tentativa de localiza-los. Era noite, e de repente a luz apagou e ouviu-se um tiro. Imediatamente a luz voltou e o bandoleiro já estava caído no chão, com uma bala no ouvido. Outros dois foram metralhados no Cruzeiro, quando tentavam a fuga, pulando uma cerca.

Escapou apenas um dos assaltantes, de nome Eurípedes, assim mesmo porque que foi preso tentando a fuga, já dentro de um ônibus, próximo a Cruzeiro do Nordeste, pois ao entrar no mesmo deparou-se com um militar fardado, que o prendeu. Foi o único que escapou, e segundo comentários da época, quasa era morto na cadeia, por uma autoridade que revoltada com os fatos chegou a sacar a arma, sendo contida pelos policiais. Dias depois esse assaltante sumiu misteriosamente, durante as várias transferências de presídios. Esse foi o dia de maior violência que a cidade viveu, pelo menos no meu tempo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Seu Né Marinho - Por José Melo



Por José Melo, com adendos 
de Vanise e Laíse Rezende 

Seu Né foi uma figura ímpar na história da Custódia de ontem, que participou efetivamente do seu desenvolvimento, nos primeiros sessenta anos do século XX. Nasceu em 15/09/1902, na Fazenda Tamboril, hoje integrada à área urbana do município, filho de Serapião Domingues de Rezende e Izaura Marinho (dona Dondom), que posteriormente residiram na cidade. 

De altura mediana, voz nasalada e postura elegante – jamais o vi sem o terno completo. Assumiu o tabelionato de Custódia substituindo o seu pai, que foi o primeiro tabelião da cidade. Era ainda jovem quando lhe foi outorgado esse importante cargo, tornando-se uma figura das mais respeitadas da sociedade custodiense de sua época. Sua esposa, dona Ester – da família Pires Ferreira de Tabira - era uma mulher simpática e inteligente, mãe de sete filhos, que sabia receber muito bem as autoridades e importantes correligionários políticos de Seu Né, em sua casa, situada ao lado direito da Igreja Matriz de São José. A inesquecível Tia Dona, irmã solteira de Seu Né, morava na mesma rua com sua mãe viúva, dona Dondom. Hoje, a antiga Rua Padre Leão, onde as duas famílias residiam, é chamada Rua Maria Marinho de Rezende, em homenagem a Tia Dona. Lembro-me que aos domingos ela saía apressada, com a fita da Irmandade de Maria e uma pequena Bíblia, para assistir à missa ou ensinar o catecismo que preparava as crianças para as cerimônias do crisma ou da primeira comunhão. Durante a semana, ensinava a um grupo de crianças, em um antigo prédio da paróquia, o mesmo em que, semanalmente, funcionava o cinema. 

O cartório de Seu Né ficava junto ao Bar Fênix, apenas separado por um longo corredor que dava acesso ao bar. O fórum funcionava na esquina da antiga Rua Padre Leão com a Av. Siqueira Campos (hoje Av. João Veríssimo), no mesmo local em que funciona, atualmente, a Biblioteca Pública Municipal Professora Zenilda Simões de Oliveira Burgos. Assisti a vários júris ali realizados. Adorava ouvir os discursos inflamados dos advogados e promotores. Seu Né era o escrivão. 

Figura muito respeitada ele era admirado por todos, especialmente pelos proprietários de terra. sítios e fazendas do município. Os mais pobres, que recebiam sempre sua atenção e orientação para resolverem problemas de terra, registros ou compra e venda de casas, costumavam trazer à sua residência, nos dias da feira, legumes e frutas, feijão verde, queijo de coalho, ovos e galinhas, para agradecer o que recebiam como um grande favor do escrivão. Ao mesmo tempo, era ele quem acolhia e orientava, com a sua longa experiência, os jovens e iniciantes promotores e juízes que atendiam na comarca. 

Na época eu era uma criança chegada há pouco tempo da zona rural. Causava-me admiração ver aquele senhor de modos fidalgos, gentil com todos e diferente da maioria dos homens da cidade - apenas ele e Seu Ernesto, político da época que foi prefeito da cidade, trajavam invariavelmente da mesma forma: passeio completo, como se dizia, o que significava que estavam sempre de paletó e gravata. 

Entre o cartório de seu Né e o cinema, ficava o Bar Fênix, que era o ponto chic da sociedade da época, quando Custódia não dispunha de nenhuma casa de diversão ou Clube - e que pertencera também a seu Né, anos atrás. Parece-me ver, lá atrás, o balcão, algumas mesas e a velha geladeira movida a querosene. Mais à frente as mesas de sinuca muito disputadas pelos jovens. Uma vez por semana – sempre na segunda-feira - funcionava um verdadeiro cassino: roletas, mesas de baralho, “esplandim”, “maior ponto”, praticamente todo tipo de jogo. Nesse dia a frequência era restrita ao povão. Já da terça-feira ao domingo, o bar era o point da sociedade custodiense de então. 

Entre um expediente e outro, o Bar Fênix recebia grande número de pessoas que, aproveitando o intervalo do almoço, iam saborear um aperitivo. Encontravam-se ali o coletor estadual, o agente do IBGE, o prefeito, o escrivão , enfim, a nata da sociedade frequentava aquele espaço. 

Recordo com imagens muito nítidas quando observava seu Né sentado à mesa do Bar Fênix, absorto em pensamentos, com uma cerveja que durava uma eternidade. Ao chegar, sentava, pedia a cerveja, enchia o copo calmamente e a cada gole limpava os lábios com o seu lenço impecavelmente branco. Gostava de ver quando ele tirava o seu pente e fazia gestos de pentear a cabeleira quase inexistente. Vi por vezes ele abrir a carteira para dar dinheiro a populares que o procuravam. Depois que pagava a conta, levantava-se calmamente e se dirigia a sua residência que ficava do outro lado da igreja, em frente ao Bar Fênix. Dali só retornava à tarde para o cartório. 

Quando Seu Né decidiu se aposentar e vender o cartório, sua família foi residir em Recife, mas ele ainda ficou algum tempo na cidade, trabalhando como “rábula” para defender, no fórum, pessoas que geralmente não podiam pagar a um advogado. 

Uma característica marcante de seu Né era a caligrafia. Ainda hoje, décadas depois de tê-la conhecido e admirado, sou plenamente capaz de reconhecer a letra de seu Né, por ser bastante original - nunca vi nenhuma outra parecida. Sua assinatura - Manoel Marinho de Rezende - era inclinada para a direita, uma marca da sua personalidade, e ainda hoje seria vista como uma assinatura original. 

Recordo que nos finais de semana formavam-se várias mesas, com praticamente toda a sociedade representada no Bar Fênix. Recordo pessoas como Seu Né, Chico Eugênio, Zé de França e outras. Entre causos e piadas, a conversa rolava solta. 

Naqueles tempos o jogo do bicho era permitido e Seu Né possuía a Banca Confiança, depois repassada para Duquinha - e que funciona até hoje. Para ganhar uns trocados fui cambista da Banca Confiança, na época passando jogo de casa em casa, nos bares e em outros pontos da cidade. Antes das quinze horas ia fazer a prestação de contas e por vezes quem estava conferindo as apostas e recebendo os talões era Beto, filho mais novo de Seu Né, hoje o engenheiro e empresário Herbert Rezende. Nas férias do colégio ele ajudava na banca instalada em uma casa próxima ao cartório, a qual algum tempo depois foi a residência de meus pais. 

Anos depois, quando exercia o cargo de Secretário da Prefeitura, sugeri ao então Prefeito Luizito, que na época estava construindo o novo fórum da cidade, que fizesse uma homenagem a Seu Né, designando aquelas instalações com seu nome. Apesar da tentativa de Luizito, o Tribunal de Justiça não atendeu a solicitação, justificando que o fórum seria designado com o nome de um juiz, que tinha trabalhado recentemente em Custódia e havia falecido. Assim, o fórum foi designado “Fórum Dr. Josué Custódio de Albuquerque”, morto em decorrência de acidente de trânsito na capital pernambucana. 

Enquanto residiu em Recife, com a família, Seu Né jamais deixou de se interessar vivamente por tudo o que acontecia em Custódia. Em 2002, já à proximidade da morte alguns meses antes de completar cem anos, seu médico, na intenção de alegrá-lo, contava-lhe sempre que havia passado por Custódia, que lá tinha chovido e a política ia muito bem. 

Por tudo que representou para a Custódia daqueles tempos, Seu Né merece o reconhecimento de todos - e aqui fica a sugestão aos nossos representantes no Legislativo Municipal: que se faça justiça, mesmo que tardia, a quem tanto contribuiu com a Justiça em nossa cidade – e que seja designado um logradouro ou uma edificação pública com o nome desse custodiense honrado e batalhador, cujos descendentes hoje, apesar de ausentes da terra, demonstram carinho pelo berço que os acolheu. 

 
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