quarta-feira, 14 de março de 2012

Custódia boa de bola - Por José Melo



Na década de sessenta, Custódia vivenciou momentos de glória no futebol da região. “Era temida e respeitada por equipes de toda a Região, principalmente pelos craques que possuía: o goleirão Gabiru, morenão alto, sempre com um “pacaia” na boca, e que não dispensava uma ”branquinha” no aquecimento antes dos jogos. Pegava tudo. Recordo que a título de gozação, os torcedores levavam um jornal e um tamborete, que Gabiru botava sob as traves, e ficava calmamente folheando o jornal (muitas vezes de cabeça prá baixo). Quando a bola se aproximava jogava fora tamborete e o jornal e preparava-se para agarrar a bola.

Na defesa uma dupla imbatível: Pelado e Branco, este famoso pelo chutão que dava nos tiros de meta. Pelado era temido pelas entradas bruscas que dava nos atacantes adversários, sempre “arriando os meiões”, como se dizia. Tinha também um moreno baixo forte, bom na defesa:Alfredo. Driblador rápido e ágil era Toreba, galego baixinho, forte, troncudo, que sempre conseguia chegar a meta adversária. Zequinha de Mestre Alfredo era outro de quem recordo. E muitos outros cujos nomes me fogem a memória. E esporadicamente (nas férias escolares) a equipe era reforçada com os estudantes que passavam as férias na cidade, a exemplo de Hélio e Beto Marinho, atletas temporários, mas muito exigidos pela torcida. Muitos outros que infelizmente não consigo recordar fizeram a história do futebol da Custódia daqueles tempos.

Era comum a realização de amistosos intermunicipais da equipe de Custódia com equipes de cidades vizinhas: Sertania, Monteiro, Flores, Sítio dos Nunes, Tavares, Princesa Izabel, Arcoverde, entre outras. Tais amistosos eram de partidas duplas: uma em Custódia, outra na cidade visitante. Dia de jogo a cidade inteira parava pra ver os atletas. Vendedores de pipocas, de gelada, de cocada, faturavam um dinheirinho extra. Havia apostas, disputas, brigas, tudo que a que uma boa partida de futebol tinha direito naqueles tempos.

O “estádio” era um campinho que ficava exatamente onde hoje é o Posto Tamboril. Cercado por cerca de aveloz, a cancela fazia às vezes de portão, onde funcionava a bilheteria, que se resumia a um cobrador recebendo o valor da entrada. Isso para os adultos e pessoas mais bem aquinhoadas. A nós, a molecada pobre, restava circundar o Grupo Escolar General Joaquim Inácio, pegar um corredor que havia por traz e entrar sorrateiramente, escondido dos vigias que guarneciam a cerca.

Bons tempos aqueles! A despeito das dificuldades da época, sempre apareciam torcedores dispostos a colaborar, ajudando financeiramente na aquisição de padrões ou custeando parte das despesas de viagem às cidades vizinhas. E a torcida era igualzinha a uma que conheço: briguenta, forte, entusiasmada, sempre defendendo a equipe local. Terminado o jogo, não raro havia um baile. Os atletas locais hospedavam os visitantes, e no jogo da volta a mesma coisa acontecia lá na outra cidade. Era uma forma de manter o bom relacionamento entre os atletas e torcidas, e que sempre deu certo. Pena que não mais ocorra isso.

Por José Soares de Melo 

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