sexta-feira, 16 de março de 2012

Projeto São Francisco promove ciranda de mulheres


Uma homenagem às sertanejas que compartilham histórias de força e obstinação

Por Raquel Santos

Custódia (PE) – Centenas de mulheres morreram em 1857 enquanto trabalhavam em uma fábrica nos Estados Unidos. A reação das companheiras operárias foi imediata, reuniram em greve exigindo melhores condições de trabalho. Três séculos depois as reivindicações não mudaram tanto, mas algumas situações estão bem melhores. No Dia Internacional da Mulher – 8 de março, o Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) quis conhecer outras histórias de lutas, só que de mulheres que cresceram no sertão de Pernambuco e como as estadunidenses trabalharam muito para conquistarem seus sonhos.

“Eu sou índia Pankararu e moro em Custódia há 19 anos. Minha mãe cuidou da educação de nove filhos. Ela nunca nos mandou ir à escola, mas sempre tinha um livro e o dinheiro reservado do ônibus. Ela sempre deu um apoio silencioso porque ela sabia que era pela educação que iria acontecer uma diferença. E realmente aconteceu! Hoje eu sou professora e ensino outras pessoas”, descreve Maria Elizabethe de Oliveira Carneiro. Ao todo 33 moradoras do município de Custódia e comunidades da zona rural participaram na última quinta-feira (8) da Ciranda de Mulheres do Projeto São Francisco no Centro de Referência de Comunicação Social (CRCS) do PISF. O encontro teve como objetivo tecer uma roda de conversas costurada pela linha de vida deste grupo de mulheres.





 Entre tantos depoimentos emocionados, as sertanejas puderam conhecer ainda mais a história de cada uma delas. Muitas delas são amigas ou já tinham visto umas as outras, mas tiveram a oportunidade de falarem e escutarem passagens de vida que às vezes estiveram adormecidas. “Vim da agricultura, batalhei e me formei. Trabalhei em roça para sobreviver, tenho quatro filhos e o que eu desejei, hoje eu consegui. Enquanto eu estudava para me formar em professora, eu levava R$ 1 real para comprar um prato de sopa e não passar fome. Lecionei durante nove anos, hoje me dedico ao comércio e continuo trabalhando muito para realizar meus sonhos”, relatou a comerciante de Custódia, Gisocleide Araújo.

O Projeto São Francisco parabeniza todas as mulheres que estão pelo mundo construindo sociedades mais fortes, sem perder a ternura como o exemplo a ser seguido de Hilda Maria Resende. “Minha história é de vitórias. Eu nasci em sítio Brabo Novo, sou adotada e tenho orgulho da minha família ter me criado. Sou auxiliar de serviços gerais, casada e mãe de dois filhos formados. Amo trabalhar com o povo, sou política e presidente de uma associação e de uma cooperativa. Não sou política por causa do dinheiro, porque para isso já recebo meu salário. Eu sou política porque gosto de ajudar o próximo. Ser mulher é a coisa mais especial da vida porque só por ser assim eu cheguei onde estou”, finalizou.   

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