quinta-feira, 31 de março de 2011

Aspectos Físicos, Geográficos e Demográficos do Município

Foto: Pedro José


- O município localiza-se na mesoregião do Sertão de Pernambuco e microrregião do sertão do moxotó.

- Área territorial – 1.484,6 Km²

- Porcentagem sobre o Estado – 1,5%

- Percentagem sobre a mesoregião – 3,26%

- Percentagem sobre a microrregião – 14,46%

- Altitude – 543 metros

- Latitude – 08° 05′ 15”

- Longitude – (W.Gr.) 37° 38′ 35”

- Distância da capital – 335km

- Clima predominante – Semi-árido quente, com temperatura média anual de 25°C, precipitação média anual em torno de 600mm, com os meses mais chuvosos de fevereiro a abril.

- Bacia hidrográfica – Moxotó e Pajeú. Principais rios e riachos: Custódia, Cupiti, Várzea, Sabá, Quitimbu, etc, apresentando regime temporário.

- Capacidade de acumulação das barragens – 48.548.900m³.

- Vegetação característica – Caatinga hiperxerófila.

- Solos predominantes – Argiloso, arenoso com presença de pedras e rochas.

- Relevo – ondulado, com presença de algumas serras e serrotes importantes, tais como: Serra do Sabá, Serra da Torre, Serra de João Dias, Serra da Velha Chica, Serra do Cruzeiro, Serrote do Bode, Serrote da Cinza, Serrote Mandacaru, etc.

- Limites – ao norte com Iguaraci e Carnaíba; ao Sul com Ibimirim e Floresta; ao Leste com Sertânia e ao Oeste com Betânia e Flores.

- População residente – 31.604 habitantes, conforme censo demográfico do IBGE, em 01/04/2007.

Formação Administrativa de Custódia


Foto: Jorge Remigio


-Distrito criado com a denominação de Custódia, pela Lei Municipal de 15/10/1909, ou melhor criado com sede na povoação de Quitimbú e transferido para Custódia, subordinado ao município de Alagoa de Baixo.
-Elevado à categoria de vila com a denominação de Custódia, pela Lei Estadual nº 991, de 01/07/1909.
-Em divisão administrativa do Brasil referente ao ano de 1911, o distrito de Custódia figura no município de Alagoa de Baixo.
-Elevado à categoria de município com a denominação de Custódia, pela Lei Estadual nº 1931, de 11/12/1928, desmembrado de Alagoa de Baixo, Flores e Floresta. Sede no antigo distrito de Custódia. Constituído do distrito sede. Instalado em 01/01/1929.
-Pela Lei Municipal nº 02, de 06/12/1928, é criado o distrito de Betânia e anexado ao município de Custódia.
-Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos:Custódia e Betânia.
-Pela Lei Estadual nº 3340, de 31/12/1958, desmembra do município de Custódia o distrito de Betânia. Elevado à categoria de município.
-Pela Lei Municipal nº 30, de 28/05/1963, é criado o distrito de Quitimbú.
-Pela Lei Municipal nº 31, de 28/05/1963, é criado o distrito de Maravilha.
-Em divisão territorial data de 31/12/1963, o município é constituído de 3 distritos: Custódia, Maravilha Quitimbu.

-Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Caracterização do Município de Custódia


O município de Custódia está localizado na parte setentrional da microrregião do Pajeú (nº 179), porção norte do Estado de Pernambuco, limitando-se geograficamente, ao norte, com os municípios de Iguaraci e Carnaíba, ao sul, com Ibimirim e Floresta, ao leste com Sertânia e, ao oeste, com Betânia e Flores. A área municipal ocupa 1.484,6 km², inseridos nas folhas Custódia (SC.24-X-A-III) e Afogados da Ingazeira (SC.24-Z-C-VI) editadas pelo MINTER/SUDENE. Pode ser localizada pelas coordenadas 9.105.776 kmN e 649.669KmE e situa-se a uma altitude de 542 metros.
O acesso ao município é efetuado através da rodovia federal BR-232 que interliga Recife à Parnamirim. Partindo-se do Recife percorre-se cerca de 340 Km nesta estrada até antingir a cidade de Custódia. Dispõe ainda de um campo de pouso, com pouco uso, situado próximo a BR-232, ao lado da AABB, bairro Pindoba Velha.

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS


De acordo com o censo demográfico de 2000 realizado pelo IBGE, a população total residente no município é de 29.928 habitantes sendo que 16.645 habitam a zona urbana e 13.324 a área rural. A densidade demográfica do município é de 20,24 hab/km².

No município de Custódia destacam-se, com maiores populações, os distritos de Maravilha com 4.365 habitantes e Quitimbú com 4.105 habitantes.


POPULAÇÃO34.305 hab.(IBGE 31.03.2011)


AGRICULTURA E PECUÁRIA
O município de Custódia tem como atividades econômicas predominantes a agricultura e a pecuária. Na agricultura destacam-se, segundo o IPE (1995), as culturas de mandioca, milho, feijão, algodão, seguindo, com participação modesta de manga, laranja, coco da bahia e goiaba. Na pecuária sobressaem-se as criações de bovinos (23.460c), caprinos (21.220c), ovinos (11.780c), suínos (9.510c). Na avicultura destava-se a criação da galináceos (66.055 aves/ano) com uma produção de ovos da ordem de 71.955 dúzias/ano.
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
O município de Custódia, está inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-ondulado, cortada por vales e estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais, cristas e/ou outeiros pontuam a linha do horizonte. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de erosão que atingiram grande parte do sertão nordestino. A vegetação é basicamente composta por Caatinga Hipercerófila com trechos de Floresta Caducifólia.
O clima é do tipo Tropical Semi-Árido, com chuvas de verão. O período chuvoso se inicia em novembro com término em abril. A precipitação média anual é de 431,8mm.
Com respeitos aos solos, nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos, mal drenados, fertilidade natural média e problemas de sais; Topos eAltas Vertentes, os solos Brunos não Cálcicos, rasos e fertilidade natural alta; Topos e Altas Vertentes do relevo ondulado ocorrem os Podzólicos, drenados e fertilidade natural média e asElevações e Residuais com os solos Litódicos, rasos, pedregosos e fertilidade natural média.

Brasão da cidade de Custódia



Em 2006 foi realizado no mês de setembro o I Encontro de Custodienses, evento esse que visa, fazer um reencontro de pessoas que moram fora da cidade e dos que moram na cidade. A idéia de fazer o encontro, foi da custodiense Odete de Andrada Alves, atualmente residente na cidade de Pesqueira. Para celebrar o encontro, dona Odete apresentou na Camara de Vereadores do Município dia 08 de setembro um Brasão para nossa cidade. Brasão é um conjunto de peças, figuras e ornamentos dispostos no campo do escudo ou fora dele, e que representam as armas de uma nação, um soberano, família, corporação ou cidade. Sua apresentação foi contundente, que só não foi aprovada de imediato pela Camara, por que por Lei, não pode ser apresentado um projeto e nele mesmo votado. Mas na semana seguinte ao evento, no dia 15 de setembro de 2006, foi aprovado pelo Poder Legislativo.
BRASÃO DO MUNICÍPIO DE CUSTÓDIA
Escudo esquartelado e interpretado com humildade preciosismo. Fiel à História, Tradição, Heráldica e à Arte em homenagem a essa magnífica cidade.

1º quartel: Paisagem inserida em fundo azul que remete aos primórdios da região onde era tida como TERRA DE PASSAGEM. Nesta localizava-se a Fazenda Santa Cruz e teve sua povoação iniciada em meados do século XVIII.

2º quartel: Fundo azul com iconografia do ostensório ou custódia, receptáculo de amor e justiça. Missionários em comum acordo com os antigos habitantes, batizaram o nome como Custódia, homenageando a proprietária da única hospedaria daquela localidade. Significa a guarda e proteção que encontraram nesse lugar.

3º quartel: Lírio de São José (nosso padroeiro) é sinônimo de brancura e pureza. É relacionado com a árvore da vida plantada ao paraíso. É ele que restitui a vida pura, promessa de imortalidade e salvação.

4º quartel: Campo amarelo escuro, simbolismo de chão escaldado. Em seu centro o Mandacaru, ostentado a força do povo sertanejo que apesar da adversidade da vida permanece altaneiro.

O dourado:
Apresenta-se em contorno que adorna os quartéis o circundeiam todo o escudo. Simboliza, como na Idade Média, a intenção de fazer o bem aos pobres e a defender seus cidadãos, lutando por eles.


O azul-celeste:
Prevalece no contexto visual e significa nobreza, majestade, serenidade. Fomenta seus cidadãos ao trabalho e a produzir os frutos da terra.

Sobre o escudo, um castelo que representa a força e virtual de seu inicial tutor, o coronel Luiz Tenório de Melo. Autoridade que não tomou terras de assalto como simboliza a Heráldica tradicional, mas foi protetor e souber contribuir pioneiramente coma história de sua gente.

Circundando as laterais do escudo, dois ramos louro simbolizando a vitória diária aos rigores da terra. Na base do escudo, uma faixa em amarelo-leve esvoaçaste com a legenda: SAGRADA ACOLHIDA, em azul celeste, que concentra em suas palavras um passado gracioso. Exemplo de companheirismo na acolhida na saga do homem que evolui a cada novo alvorecer acolhendo também a fé do povo sertanejo.
ODETE DE ANDRADA ALVES Pesquisa e Criação
RICARDO HENRIQUE DUQUE DE ALMEIDA Computação gráfica Setembro/2006

Delmiro Barros no Forró no Rancho (02/04/2011)



DATA: 02 de ABRIL DE 2011 - SÁBADO
HORÁRIO: 23h
INGRESSO: R$ 10,00(antecipado)
LOCAL: FORRÓ NO RANCHO
INFORMAÇÕES: (87) 9961-0444 ou 9636-7181

quarta-feira, 30 de março de 2011

Janúncio de Custódia - Novo CD


O compositor Janúncio de Custódia, nos enviou a capa do seu  mais novo CD "Volume IV" gravado ao vivo  no Clube Internacional de Recife.

Confiram o mais novo sucesso para o São João 2011.


terça-feira, 29 de março de 2011

O imbatível potro 'melado'


Nossa cidade sempre contrastou com tudo que se disse dela em tempos passados. Relendo uns escritos do Ernestinho Queiroz, (Coronel sem Patente) sempre faço uma pausa num trecho cuja citação teria sido feita pelo então bispo diocesano da época.

Dom. Adelmo Machado teria dito: “CUSTODIA NASCEU COM O ESTIGMA DA DIFICULDADE, ATÉ PORQUE SEU NOME COMEÇA COM CUSTO.”

O vaticínio do bispo estava totalmente “furado”. As coisas foram difíceis para Custódia assim como foram e continuam sendo para outras cidades. Pelo contrário Custódia sempre se destacou naquilo que se propôs a ter e/ou a fazer. Senão vejamos:

- A Feira de Custódia. Se alguém conhecer uma melhor e mais animada, não tenha cerimônia em dizer onde fica. A de Caruaru, não fora Luiz Gonzaga, até hoje o Brasil não saberia da sua existência.

- A Festa do Padroeiro São José. Diga onde tem outra igual. !!!

- Os bailes com orquestras, tanto os do Fenix quanto os do Ptb.( Atualmente os do CLRC.) Jazz puro “mermão” .As mulheres todas de “longo”e os homens de terno, gravata e sapatos DNB feitos por Zé de Zaqueu na sapataria de Duquinha.

São João? Caruarú aprendeu com Custodia. Os primeiros Bacamarteiros são originários do Quitimbú , distrito de Custódia.

-E a galera da Roqueira ??

Ei, pisiti. Você aí Cara Pálida: sabe em qual cidade foi inventada e quem inventou “A ROQUEIRA” ??? Vou dar uma pista: O inventor foi um mecânico chamado GALFIM. Agora descubra de onde ele era e onde morava. Elementar, meu caro Watson, Galfim era custodiense, diria Sherlock Holmes o detetive dos romances de Agatha Christie.

Para esta geração eletrônica, depois explico o que é roqueira. Com certeza não tem nada a ver com Rita Lee.

- E o Esporte Clube Custódia.?? Com Gabiru/Naime e Vevé. Sem comentário.

- E a água do Sabá ? Creio que não a exploram, pela relíquia que é.

- A Tambaú, Uma pedrinha na chuteira de muitas multinacionais. Marcas famosas já sucumbiram.

Ou “quebraram” ou foram incorporadas.

- E nós, custodienses ? Existe povo de melhor índole? Tem igual ?

Custódia é tão iluminada, que até figuras estranhas vindo não se sabe de onde, a ela chegaram e ficaram. Ex: Luiz Doido e Maria, Pedro Maravaia, Xê, Capitão do Sabá e tantos outros. Alem de custodienses ilustres, natos e chegados, que fizeram e continuam a fazer da nossa cidade um ícone do desenvolvimento e do progresso.

Diante disso, um fato merece toda a nossa atenção. Além do futebol, nossa cidade se sobressaiu também nas corridas de cavalos. Naquela época chamávamos de “prado”.

A pista de corrida era uma estradinha paralela ao campo de aviação. Uma pista reta de aproximadamente dois mil metros. Aos domingos, sempre tinha corridas.

Os páreos eram concorridíssimos. Gente de toda a região vinha ao “prado” de Custódia. As apostas eram altas. Dinheiro vivo. Muita grana.

Importado por um fazendeiro local, em sociedade com outros aficcionados, chegou a Custódia um potro baio, que foi logo apelidado de Melado. Potro novinho. Arisco. Na ponta dos cascos, como se dizia na época.

Apostar em “Melado” era vitória certa. Podia gastar por conta. O potro era imbatível.

A fama de “Melado” atravessou as fronteiras do Moxotó. Ficou conhecido até no Agreste Pernambucano. Mas como não existe bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, junto com a fama de “Melado” chegou também a Custódia o primeiro “Esperto”. Malandro no bom sentido. Bem vestido, sapato DNB bicolor bem engraxado, bom de papo e endinheirado. Por onde passava deixava gordas gorjetas. Caiu do céu para garçons, engraxates e lavadeiras. Verdadeiro Um Sete Um. Bom de conversa, sem igual.

Logo após a chegada do malandro, chegou não se sabe de onde, uma Égua Manga Larga, cheia de mimos. A égua era tão grande que levava o nome de LAZARINA. Tinha até veterinário. Muito bonita e ficou “hospedada” na roça de Sêo Arnou, embaixo de uns frondosos pés de Juá, vigiada dia e noite. Tratamento vip. Alimentada com aveia e capim de planta selecionado. Visitantes e curiosos, só viam a Égua de fora do cercado e questionavam o porquê daquele pano cobrindo toda a anca da Égua. O tratador respondia que era para evitar o pouso da mosca varejeira “nas partes” do animal.

A noticia da corrida MELADO x LAZARINA se espalhou, e logo começaram as apostas. Tinha gente pagando pule dobrada. Ou seja: apostando 100 por 50 no Melado.

Porem, o malandro e seus amigos, só apostavam se Lazarina levasse uma “usura” (vantagem) de 50 metros. Ou seja, o Melado dava 50 metros de vantagem, numa corrida de mil.

Porém, um “araponga” do Melado” furou o cerco, conseguiu chegar na Lazarina e constatou que os dentes do animal estavam um tanto quanto ”enferrujados”. Sinal de velhice. Animal com prazo de validade vencido e/ou prestes a vencer.

Não deu outra. A notícia em forma de cochichos correu toda Custódia e redondezas. Diante disso, as apostas dobraram no cavalinho “Melado.”

Mermão !!!! chegado o grande dia, um domingo ensolarado, gente “saindo pelo ladrão”caminhões e rural willis lotados chegavam aos montes. Dinheiro vivo sendo “casado” de mão em mão.

Alinhados os animais, a bandeira branca arriou dando a largada. Logo na arrancada, em poucos segundos o Melado encostou no traseiro De LAZARINA, que não trazia o pano a lhe cobrir “AS ANCAS “.

E assim foi durante os mil metros do páreo O MELADO correndo e cheirando “AS PARTES DE LAZARINA”. A ÉGUA ESTAVA “PROGRAMADA” PARA NAQUELE DOMINGO, DIA DO PÁREO, ESTAR NO AUGE DO CIO, EXALANDO TODOS OS CHEIROS, ODORES E AROMAS POSSÍVEIS E IMAGINÁVEIS.

Foi o caos. O que teria acontecido. Pensaram até em CATIMBÓ.

O MELADO PERDEU POR UM CORPO DE DIFERENÇA: O CORPO DA ÉGUA LAZARINA.

POR MOTIVOS ÓBVIOS, “O ESPERTO” – ZEQUINHA DE JOÃO FLORENCIO – NUNCA MAIS BOTOU OS PÉS EM CUSTÓDIA.

Fernando Florêncio
(florencio.fernando@hotmail.com)
Ilhéus(Ba) 10/Março/2009

O "mico" de Jovino Costa Leão


Jovino Costa Leão era meu padrinho de crisma.

Comerciante, com endereço mais ou menos na metade da ladeira que dava acesso ao

Grupo Escolar General Joaquim Inácio. (Até hoje não sei o que este General significou para Custodia.)
O Padrinho tinha uma bodega, na qual comercializava cereais. Naquela época se chamava de Secos e Molhados. Comprava também produtos próprios da região, tais como, Couro de Bode, Couro de Boi, que seriam revendidos, curtidos e utilizados na fabricação de sapatos, selas e arreios para vaqueiros.

Comprava também para revender à SANBRA (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro) algodão em pluma e mamona em caroço.

Em decorrência disso, todas as segundas-feiras (dia da feira) lá pras duas da tarde, eu encostava no balcão, e ficava por ali, zanzando, como quem não quer nada, até que a paciência do padrinho esgotava-se, me mirava por cima dos óculos com aquele olhar de sardinha enlatada, pegava, normalmente “um cruzado” uma moeda de um metal branco parecendo prata, colocava sobre o balcão, empurrava na minha direção e intimamente, devia dizer: Vai encher o saco em outra freguesia….!!!! Eu saía dali correndo.

Moeda na mão, direto tomar uma “raspada”.

Raspada era uma espécie de sorvete de gelo raspado, vendido por um “cabra” de Sertânia, que despejava num copo imundo, lavado inúmeras vezes na mesma água, e na mesma bacia, uns pingos de uma groselha, saída de um litro de vidro também imundo, com gosto de coco, morango e outros sabores, feita lá sabe Deus como.

O “cabra” deve ter ficado rico, porque a matutada “caía matando” na raspada de gelo com groselha.

A concentração na barraca da “raspada” era tão grande, que o divertimento de Edmundo Blandino era comprar um cacho de pitombas, ficar do outro lado da rua, e à proporção que chapava as pitombas, arremessava os caroços na cabeça da matutada, e depois, observado pelo atingido, fingia-se “de morto…”.

Mas meu Padrinho Jovino era uma dessas figuras queridas por todos. Extrovertido, Brincalhão e Feliz, mesmo tendo um dos antebraços amputados se superava. Entre outras utilidades, usava o “toco” para apoiar o taco jogando sinuca. Jogava razoavelmente bem. Se naquela época houvesse campeonato de sinuca de “masters” com certeza ele seria o campeão.

Tinha uma família bem estruturada. Lembro de suas duas filhas. Luizinha e Maria Luiza. Ambas altas bonitas e fortes.

Uma delas, destacava-se por ter uma “comissão de frente” bastante avantajada”. Eram dois pilares de fazer inveja ao pão de açúcar.

Mas vamos ao mico do meu padrinho Jovino.

Campanha para Governador do Estado. Disputa acirrada entre Pelópidas Silveira (UDN) e Jarbas Maranhão (PSD).

De repente, surgiu nos céus de Custódia, numa segunda feira, dia da feira, um aviãozinho teco – teco jogando do alto propaganda política. Emporcalhou toda a cidade com retratos dos candidatos e cartazes contendo promessas que jamais seriam cumpridas. Qualquer semelhança com os políticos dos dias atuais, não é mera coincidência.

Dr. Jarbas Maranhão visitava a região. Em Custódia, entre seus cabos eleitorais estava meu Padrinho Jovino.

Visitado, Padrinho Jovino manifestou o desejo e a necessidade urgente de ir até o Recife. Incontinenti, Dr. Jarbas colocou a disposição do meu padrinho Jovino uma das duas vagas existentes no teco-teco de seis lugares, e que naquela ocasião apenas quatro estavam ocupadas.

Convite oportuno e imediatamente aceito. Bagagem arrumada às pressas. Partida imediata no carro Ford 29 de João Correia até o “campo de aviação”.

Lá estava o teco-teco. Pintado na cor vermelha e branca com umas letras e números pretos. A galera insinuou que o Dr.Jarbas perderia a eleição por que “era Santa Cruz.”

Se fosse Sport ou Náutico. (?). Não deu outra. Perdeu feio.

Aquele vaticínio não se confirmou integralmente, porque naquele ano, o velho Santa foi supercampeão pernambucano, vencendo o Náutico e o Sport duas vezes consecutivas numa disputa de três pontos. Esquadão igual aquele time, o Santa nunca mais formou.
Anibal, Diogo e Sidney, Zequinha, Aldemar e Edinho, Lanzoninho, Rudimar, Faustino, Mituca e Jorginho…..

Tempos depois, em entrevista, Pelé disse que Aldemar que já pertencia ao Palmeiras, foi o único que o “parou” sem nunca ter cometido uma falta.

“Seo” Jovino entrou no aviãozinho, sentou-se, o piloto deve ter tê-lo ajudado a afivelar o cinto. Porta fechada, motor ligado ESQUENTANDO, hélice girando, meu Padrinho olhou pela janelinha, virou para o passageiro ao lado e exclamou:

RAPAZ, O AVIÃO ESTÁ VOANDO TÃO ALTO QUE O POVO LÁ EMBAIXO PARECE FORMIGA.!!!

Intrigado, o companheiro de viagem olhou pela mesma janelinha e disse:

NÃO “SÊO” JOVINO ! É FORMIGA MESMO. O AVIÃO AINDA ESTÁ NO CHÃO.

Conta-se que até pousar em Recife, Jovino Costa Leão não disse uma palavra.

Fernando Florêncio.Ilhéus/Ba
11/Nov/2009

 
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