quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Lourdes de Deus e a primavera expressionista


Texto de: 
Maria Helena Sassi 
Mestre em Artes Visuais pela Unesp 


Contemplar a obra de Lourdes de Deus é contemplar a vida, a alegria, a emoção do viver nas mais variadas formas que são representadas pelos diferentes temas com os quais se expressa. O colorido da artista é intenso, ela emprega as cores puras com naturalidade e apresenta maestria ao distribuí-las pela composição, tendo pleno domínio no trato das muitas cores que, mesmo que se repitam, não interfere no todo e nem na proposta da artista. Suas paisagens lembram cenas do filme Amor Além da Vida; as pinceladas dão formas às diversas flores que compõem a paisagem como se elas fossem massas de tintas que pudessem quase que ser tocadas, mas ao nos aproximar notamos os detalhes de uma composição rica em detalhes. 

Uma artista que, sem dúvida alguma, apresenta uma evolução técnica em seu percurso como artista plástica, como podemos constatar nas observações abaixo. 

Equilíbrio e simetria estão presentes em sua obra que pode ser observada ora pelas cores, ora pelas formas como, por exemplo, no quadro Festa em Custódia com os pares dançantes ao centro e nas laterais casas e barracas distribuídas uniformemente, com uma visão muito particular de perspectiva, a artista nos oferece uma visão completa de uma festa do interior, desde sua organização até a dança, os músicos e a comida. 

O repertório de temas com os quais a artista trabalha é riquíssimo e em todos eles ela capta a essência de uma verdade realista e expressiva, seja através de paisagens, seja através de críticas sociais e políticas, seja através de festas e folguedos populares entre outros. 

Também observamos que o movimento está presente na maioria de sua obra, principalmente no que tange aos temas políticos, há uma certa comoção da população, que se mobiliza e participa ativamente de suas críticas. 

Apesar de a luz não ser o elemento visual predominante em suas composições, nota-se que a artista se utiliza de uma luminosidade atmosférica obtida através de efeitos de iluminação artificial, ou seja, com a distribuição de tintas, dando destaques para certos aspectos da paisagem, enquanto que outros se tornam menos “importantes”. Lourdes consegue este efeito exatamente por não utilizar grandes contrastes, causando um efeito sutil sobre a paisagem; um exemplo disto é quanto pinta um céu que pode vir a se destacar, ela coloca elementos na paisagem, principalmente cores, que chamam a atenção para a paisagem em si, ou para a ciranda de roda, ou para qualquer outra ação objeto da obra, em que o céu passa a ser um complemento do quadro. 

É indiscutível que o ponto alto da artista são as cores fortes e vibrantes, as quais ela distribui nas telas com alegria e sabedoria, por isso é que podemos chamar a sua pintura de Primavera Expressionista. Sua pintura tem um toque primitivista, o que faz ampliar o olhar expressionista sobre a suas composições, além disso na primavera a natureza fica muito mais bonita assim como a sua obra que se enriquece sempre com os vastos campos de flores que ela muitas vezes representa. Assim como na primavera tem o florescimento de várias espécies de plantas, a artista também se encontra agora em plena primavera artística, com o florescimento de idéias, de criação, de renovação e de grande produção de uma obra fértil. 

Lourdes de Deus, a primavera em ação! 

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