domingo, 11 de dezembro de 2011

José Ferreira Gomes (Zé Cavaco)



José Ferreira Gomes, vulgo Zé Cavaco, nasceu dia 15 de junho de 1931. A primeira viagem foi com quatro anos de idade, deslocando-se da sua cidade natal, Arcoverde-PE para Carnaíba-PE, em 1935.

De Carnaíba mudou-se para Samambaia, município de Custódia, passando a morar na Fazenda Lage, a partir de 1939. Ano em que ele perderia seu pai, que era agricultor e barbeiro, João Gomes dos Santos, que morreu com 35 anos. Sua mãe Quitéria Felícia Ventura morreu no dia 1º de maio de 1987, com 83 anos. João Gomes está sepultado em Samambaia e Quitéria em Paulo Afonso.

Zé Cavaco, chegou em Algodões, município de Sertânia-PE, em 1946, lugar onde conheceu Edite Ferreira Ventura, paraibana, nascida 03 de fevereiro de 1929, sua esposa a partir de 17 de abril de 1956, ano que foi para o Piauí, vivendo no Sítio Morro dos Cavalos, município de Simplício Mendes.

No dia 07 de abril de 1958, passou a trabalhar na CHESF em Paulo Afonso – BA, durante 33 anos e três semanas, até 14 de abril de 1991. Já com 61 anos, foi morar em Custódia – PE, onde vive até hoje e, pelo ano de 1994, conheceu o professor e artista plástico Pedro Cezar, o qual passou a auxiliá-lo nas pesquisas dos objetos do seu Museu. Foi também em Paulo Afonso, que nasceu Cícero Ferreira Ventura, 18 de maio de 1964, único filho do casal.

O senhor João Chaves trouxe uma cavalhada de Camalaú-PB para Algodões em 1934. Ainda em suas férias do trabalho, Zé Cavaco organizou e ampliou a Cavalhada de Algodões, de 1979 até janeiro de 1982. O registro de sua passagem em Algodões está na pilastra colocada em frente da capela de São Sebastião, feita em 1994, contendo quatro significados: a cavalhada, o vaqueiro, a religião e a política. Após esses 5 anos de experiência ele planejou ter sua própria cavalhada na vila Samambaia. O que veio acontecer em 23 de janeiro de 1988.

A primeira tinha apenas 12 cavaleiros, que usavam as cores verdes e vermelhas em fardas muito bem estilizadas. A próxima apresentação aconteceu em 1994 com 16 componentes. Neste mesmo ano tratou de deixar para as gerações futuras um registro definitivo: fundou a sede da Cavalhada, a qual contém o seu busto de pedra. Adquiriu serviço de som e imagem, além de muitas fotografias que atestam seus eventos. José Ferreira Gomes, ainda com preocupações históricas, fez doação de uma placa que registra a fundação da capela de Caiçara.

Um ano depois o número de componentes passaria para 24 cavaleiros, divididos em dois grupos de 12. Os espetáculos aconteceram até 1997, quando ele desistiu do evento e passou a se dedicar mais ao Museu Zé Cavaco, fundado em janeiro de 2000. Os equipamentos de sua Cavalhada foram destinados para Umbuzeiro-PB, cujo responsável é Chico Vereador local.

Até o momento, não obteve ajuda de ninguém, pois achava que o acontecimento deveria ser o mais naturalmente possível, inclusive pedia a participação dos moradores da vila na aquisição dos cavalos, o que aconteceu de bom grado até certo momento, pois os cavaleiros, não entendendo o sentido cultural do evento, passaram a exigir um prêmio ou um pagamento pela participação na festa.

Zé Cavaco, por sua vez, não obteve mais o prestígio por parte dos cavaleiros, que em vez de simples participantes, achavam-se verdadeiros profissionais, já que queriam ganhar pelo evento. Foi esse o principal motivo que levou esse senhor a desistir de toda a movimentação e construção desse maravilhoso espetáculo folclórico. Esvaziado de prestígio e incompreendido pela maioria da população que o tinha, e o ainda tem, como verdadeiro “besta”, lamentou muito não poder manter o espetáculo, que acontecia uma única vez por ano, não era uma ocupação de todos os dias, era uns pedacinhos de horas perdidas, dedicadas a pré-animação da tradicional festa de São Sebastião, sem fins lucrativos, pois não obtinha nenhum benefício vindo da organização da cavalhada, pelo contrário, todos os anos, tirava do seu salário o suficiente para manter todos os equipamentos desde as botas, vestimentas dos cavaleiros e adornos dos cavalos, até os mastros(doação de seu primo José Gomes da Silva), serviço de som, imagem e locução voluntária de Tiburtino ou Pedro Cezar, além do registro dos pontos feito por Damião e o apoio caseiro de João Pieta e sua esposa Josefa.

Zé Cavaco pensava que os cavaleiros iriam segurar as suas participações na Cavalhada, com a intenção de valorizar Samambaia e transformá-la num evento cultural grande, para atrair mais gente para as comemorações da Festa do Padroeiro, o que beneficiaria, até economicamente os comerciantes da vila, tornando-a conhecida fora dos limites de Custódia e região. Seria uma espécie de marca registrada, pois o local é conhecido apenas pela Usina de Caruá Vasconcelos & Cia, comprada por Numeriano de Freitas e, ainda hoje de pé, graças a Clodoaldo eAristóteles.

A Cavalhada de Samambaia seria uma marca, assim como a usina é e será sempre. A Cavalhada só viria a contribuir para engrandecer as artes e a cultura da Vila, considerada hoje, pelos próprios moradores, um local parado, esquecido, lento, com tendência ao esquecimento de sua própria história.

Para que isso não acontecesse, veio novamente a idéia, a perspicácia, a coragem, a sensatez, a visão de mundo de Zé Cavaco, que a partir do ano 2000, começou a perseguir o seu grande sonho, iniciou a construção do Museu Zé Cavaco, em prédio próprio e localizado na Vila de Samambaia, sob número 1931, data de nascimento do fundador. E agora em 2002, sente seu sonho realizado, mesmo que ainda falte algumas pequenas coisas.

De início o Museu era para contar a História das Cavalhadas organizadas por José Ferreira Gomes. Mas com o acúmulo de material, o local se tornou polivalente e Zé Cavaco passou a valorizar as coisas do homem do campo, a história local, com objetos de uso doméstico e educacional, como as lousas usadas pelos antigos alunos da região, máquinas de costurar antigas e muitos outros objetos interessantes. Também possui temas alusivos às histórias do Brasil e do mundo, história do cangaço e Antônio Conselheiro (Canudos), de Luiz Gonzaga, de Padre Cícero e Frei Damião e, também de Delmiro Gouvêia, que foi o primeiro a construir uma usina na cachoeira do “Grutião”(sic!), na parte alagoana do rio São Francisco, idéia esta que serviu de base para Apolônio construir a grande usina de Paulo Afonso-BA, provida pela CHESF.

Todo esforço de José Ferreira é para que a cultura não morra, para que ela seja preservada para as futuras gerações de moradores de Samambaia e região. É um pouco de conhecimento geral, uma ínfima parte da biblioteca da humanidade, porém feito com carinho e dedicação.

PS: Trabalho elaborado pelo artista plástico PEDRO CEZAR, cedido gentilmente para o blog Custódia Terra Querida. Para que mais trabalhos desse porte sejam publicados com mais frequencia no blog, pedimos as pessoas caso usem o texto em algum trabalho ou site, cite o nome do autor, pois, trata-se de um projeto feito com muito carinho, e de uma riqueza cultural de grande valor para o município.

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