quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O poder da natureza - Pedro Henrique Alves


Uma pulga desinquieta
Um cachorro bem grandão
Uma cobra tão pequena
Mata um touro e um leão
É a lei da natureza
Que não dá explicação

Vejo um imbua andando
Que bicho lerdo é aquele
Não há quem saiba contar
As pernas que existe nele
Uma cobra não tem perna
E corre mais do que ele

Pequeno fura-barreira
Faz sua casa no chão
Forrada com o capim
Que tem na vegetação
Para dormir sossegado
E escapar do gavião

João de Barro vive bem
Morando lá na floresta
Faz sua casa sem telha
Não entra o sol pela fresta
O homem que tem ciência
As vezes faz e não presta

No galho duma aroeira
Sem cal e sem cimento
Antes de cair a chuva
Que seja o contrário o vento
João de Barro faz a casa
Para o acasalamento

A casa do João de barro
Tem porta não tem janela
Vive bem com a joaninha
Recebendo o carinho dela
Mas pode matar a Joana
Se for traído por ela

Veja bem como é terrível
Pro casal a traição
Até mesmo um passarinho
Apelidado de João
Não aceita ser traído
E nem quer explicação

João de barro faz a casa
Sem ter o prumo e sem ter linha
Constrói a sua casinha
Ligeiro não se atrasa
Vai lá na lagoa rasa
E bate o barro no chão
Faz com tanta perfeição
Que admira ao criador
João de Barro é construtor
Nas florestas do sertão

João de barro só trabalha
Pra fazer a residência
Com calma e com paciência
E não comete uma falha
Ligeiro não se atrapalha
Sem ter um carrinho de Mão
Sem doutor na construção
Sem ter um ajudador
João de barro é construtor
Nas florestas do sertão

Depois que a casa termina
Dentro dela vai morar
Se um intruso penetrar
Não vai se queixar da sina
Procura outra campina
Voando na região
Deixa aquela construção
Para outro morador
João de barro é construtor
Na floresta do sertão

No sertão quando é tempo de chover
Um carão sai voando pela flora
Uma galha de pau logo se tora
Quando o vento começa lhe torcer
Sai o gado correndo para beber
Muita água que tem no ribeirão
A formiga sai cortando o feijão
Uma corta pra outra carregar
Todo campo começa a se enfeitar
Nas primeiras chuvas do sertão

No sertão quando o ano é bom de inverno
Uma rez se atola em qualquer canto
E a relva parece com um manto
Tudo isso quem faz é o pai eterno
Fica o tempo bonito mais moderno
Causa susto o estralo do trovão
Uma cabra deitada no oitão
Abre as pernas pro filho amamentar
Todo campo começa a se enfeitar
Nas primeiras chuvadas do sertão

Só Deus Pai que é tão poderoso
Poderia esse mistério nos dizer
Como pode abelha mel fazer
Dum pereiro que é tão amargoso
Ela faz e o deixa tão gostoso
No cortiço a abelha fica presa
No escuro sem lamparina acesa
Sem ter água sem química, ser ferver
Cientista nenhum sabe fazer
Quanto é grande o poder da natureza

A formiga levanta madrugada
Sai ligeira prá cortar uma planta
Quando o dono ver aquilo se espanta
Leva comida prá sua filharada
Quando chove que dá um enxurrada
Na própria casa a formiga fica presa
Sai cavando procura uma defesa
Abre outra passagem lá na frente
Para o homem entender perfeitamente
Quando é grande o poder da natureza.

Pedro Henrique Alves
Custódia/PE, 1 de setembro de 2010

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